30.11.09

chão
(Mário Laginha/Maria João)


De manhã até à noite
A mulher traz os pés (doridos?),
Está curvada sobre si
Seios pendendo para o chão
Canta baixinho
Mas a voz foge no campo
Levanta a névoa da manhã

Corre e canta e torna e canta mais
E a terra jura que não ouve
Acorda o chão adormecido
E um sol redondo que subindo
A (maravilha)? sempre a cega
Tornando-a fogo e calor
Secando a boca da mulher.

Ai, quem dera o regaço de um homem
Pela noite fresca e desejada
No pulsar surdo dos pulmões
E o suor escorre pelo corpo
Num abandono da vida
Que se esgota
Acorda o chão adormecido.

De manhã até à noite
A mulher traz os pés sofridos
Está curvada sobre si
O olhar que paira rente ao chão
Canta baixinho
Mas a voz foge no campo
Embala a terra adormecida.

1 Comments:

At 3/10/2010 11:49 AM, Blogger Marina. said...

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